Com crise, flores estão virando adubo e desemprego avança no setor
A estimativa é que sejam perdidos 10% de todos os empregos da cadeia de flores e plantas ornamentais a cada semana que passa

Publicado 28/03/2020
A A
Foto: Valdecir Galor/SMCS

Um dos setores mais afetados com a crise do novo coronavírus é o de flores e plantas ornamentais. O prejuízo pode chegar a R$ 1,6 bilhão até o dia das mães, uma das datas mais relevantes para o segmento. A estimativa é de que 10% de quem vive em torno desse setor perca o emprego a cada semana.

Em Holambra, no interior de São Paulo, as flores são o principal produto comercial. Conhecidas por trazer alegria e beleza, nesta semana a imagem que se viu por lá foi outra, já que praticamente toda a produção está sendo triturada para virar adubo. Isso porque festas de casamento, aniversários e eventos sociais em geral foram proibidos e o mercado de flores e plantas de decoração acabou ruindo.

“Se tem uma palavra que explica essa situação é drama. Vivemos um momento extremamente dramático”, disse o presidente do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Kees Schoenmaker .

O Brasil é o 8º maior produtor de plantas ornamentais do mundo, com 8,3 mil produtores abastecendo 60 cooperativas e 680 atacadistas. Apenas em 2019, foram criados 209 mil postos de trabalho no setor. “Nós estimamos um prejuízo de R$ 1,6 bilhão. Se tudo isso continuar, nós avaliamos uma perda nos empregos na casa dos 10% a cada semana”, avaliou Mattheus Yeda, Diretor Técnico da Ibraflor.

Um dos preocupados em perder o emprego é o vendedor Antônio de Oliveira, que há 35 anos sustenta a família vendendo flores em uma esquina em São Paulo. ALém de perder clientes, ele também está perdendo a esperança. “Está saindo o aluguel da casa, água, luz e todas as contas. Estou tentando, mas não adianta, o negócio é parar. Ficar parado e continuar aguardando o que vai acontecer”, lamentou.

Compre uma flor

Atualmente, um dos poucos pontos de venda de flores e plantas ornamentais são os supermercados. Mesmo nestes locais, a procura caiu 70% na última semana, o que fez nascer uma campanha para estimular o consumo individual até que a crise passe.

O lema é “Flor, o alimento para a alma” e incentiva o consumidor que for ao supermercado para a abastecer a geladeira, também pense em levar um pouco de colorido e alegria para casa, durante esse retiro doméstico.

“A gente quer levar uma mensagem de conforto, para que as pessoas consigam transformar a casa, seu local de home office, em um lugar mais agradável”, disse Mattheus Yeda.

Fonte: Canal Rural